GEOLIT - Grupo de Pesquisa de Geociências da Litosfera
Exploração Mineral e Metalogênese
Desde a pré-história, o homem tem buscado na natureza por diversos materiais que permitissem melhoras em suas condições de vida, desde o simples ato da caça (minerais e rochas cortantes), até em seus rituais culturais-religiosos (pós de minerais utilizados para pintar o corpo). Atualmente, não é diferente. É impossível imaginar a sociedade, como a conhecemos, sem a dependência de commodities minerais. Se observarmos ao nosso redor, tudo tem algum grau de relação com os recursos minerais, de modo direto ou indireto. Construção civil, tecnologia, fármacos, agricultura, são alguns exemplos de setores que se utilizam dos recursos minerais. Como seria a vida sem a internet, eletricidade, produtos industrializados, agricultura em larga escala, e até mesmo água potável? Imagine inclusive que, com o crescimento populacional mundial, cresce também a demanda por todos os insumos minerais. Além do mais, o ritmo de consumo, faz com que os produtos industrializados, sobretudo os eletrônicos, tenham uma vida útil cada vez menor, sendo substituídos com maior rapidez.
Todo esse cenário propicia a busca cada vez mais intensa por recursos minerais, bem como a compreensão dos processos naturais envolvidos na gênese dos mais diversos depósitos e sistemas minerais. Deste modo, a metalogênese tem por objetivo a compreensão dos processos naturais (e.g. geológicos, geoquímicos, biológicos e atmosféricos, hidrográficos) responsáveis pela formação dos depósitos minerais, sobretudo os metálicos. Essa compreensão vai da fonte de um metal ou elemento específico, até os processos envolvidos em seu transporte e concentração na crosta terrestre. Somado a isso, é necessário conhecer fenômenos relacionados à sua acumulação (deposição, precipitação, formação). A compreensão destes processos ocorre a partir da descrição das características dos depósitos e/ou ocorrências minerais. A partir de então, é possível relacionar os produtos (texturas, estruturas, formas, geometrias, associais minerais) com os respectivos processos magmáticos, sedimentares, metamórficos e hidrotermais. Os estudos da metalogênese usam ferramentas petrográficas, geoquímicas, isotópicas, geocronológicas, geofísicas, de sensoriamento remoto, dentre outras.
Cabe à exploração mineral a descoberta de novos depósitos minerais, por meio de técnicas e ferramentas que visam prever a existência de corpos mineralizados em profundidade, inicialmente inacessíveis a nós. Essas técnicas incluem imageamento por satélites, geofísica, mapeamento geológico, química mineral, mais recentemente, machine learning. Com esses enfoques, o GEOLIT, tem buscado compreender os processos relacionados a gênese de depósitos minerais em diversas províncias minerais brasileiras como Alta Floresta, Carajás e Tapajós.
Neotectônica é o termo que engloba o conjunto de processos relacionados a movimentação e deformação da crosta terrestre desde o Neógeno até os dias atuais (últimos 23,03 milhões de anos). O estudo da Neotectônica assume fundamental importância em áreas Sismicamente Ativas e na Avaliação de Risco Geológico (terremotos, vulcanismo, deslizamentos e tsunamis); na Prospecção de Recursos Energéticos (migração e acumulação de petróleo e gás); no entendimento da evolução da paisagem moderna como as cadeias de montanhas, bacias sedimentares e cursos de pequenos e grandes rios. Também é a partir dos processos tectônicos recentes e atuais que os geocientistas podem deduzir e entender os processos tectônicos do passado profundo da Terra e dos planetas rochosos do nosso Sistema Solar.
No Brasil existem diversos grupos de pesquisas que investigam a Neotectônica em nosso território. Os exemplos aplicados são estudos direcionados à empreendimentos
críticos de engenharia, como usinas hidrelétricas, barragens de mineração e as usinas nucleares de Angra dos Reis; estudos sismológicos voltados a dinâmica crustal do Brasil; e estudos voltados à evolução do relevo e grandes rios brasileiros. No GEOLIT são desenvolvidos estudos de Neotectônica para o entendimento da paisagem do sudeste do Brasil, com especial destaque a evolução do Rifte Continental do Sudeste do Brasil, incluindo as serras do Mar e da Mantiqueira, bem como a evolução dos rios Paraíba do Sul e Tietê. Também são desenvolvidos estudos da neotectônica na Plataforma Continental do sudeste do Brasil, com especial enfoque nos seus efeitos sobre o relevo submarino e no desenvolvimento de potenciais reservatórios de hidrocarbonetos da bacia de Santos.
Vulcanismo e Perigos Geológicos
O vulcanismo é a expressão mais clara de que a Terra é um ambiente dinâmico, quase vivo. Estes grandes monumentos da natureza fazem parte da história da humanidade e seus mitos. Erupções vulcânicas podem trazer destruição, mas também renascimento, por carregarem compostos altamente nutritivos e promovendo rápida recuperação da flora e, consequentemente, da fauna local (vide os arredores de vulcões como o Etna, na Itália, e o Kilauea, no Havaí). Da mesma forma, o vulcanismo promove perigos geológicos com explosões plinianas, derrames de lava e lahars, mas também o potencial para geoturismo e exploração geotermal.
Quando se fala de perigos geológicos, normalmente pensa-se em grandes eventos como terremotos, vulcanismo, tsunamis e avalanches. No entanto, podemos vê-los em
menores escalas, como erosões, voçorocas e deslizamentos. Um simples buraco na rua de sua casa não deixa de ser um perigo geológico, uma vez que foi causado por uma deterioração da compactação do terreno embaixo do asfalto, podendo causar danos materiais e até acidentes.
No GEOLIT trabalhamos com diferentes escalas de perigos geológicos. Desde a avaliação de causas e evolução de ambientes erosivos no interior de São Paulo, até o monitoramento de vulcões ativos na Colômbia. Estes trabalhos incluem o uso de tecnologias de ponta, como drones, equipamentos geofísicos adaptados – e de seu desenvolvimento, aplicação de inteligência artificial, incluindo técnicas de Machine e Deep Learning, além de avaliar ações públicas e privadas sobre como mitigar perdas materiais e, sobretudo, de vidas.
É indiscutível a necessidade de preservação do meio ambiente. Os recursos naturais são uma necesidade, mas devem ser explorados com responsabilidade e, sobretudo, sustentabilidade. O conhecimento de zonas vulneráveis a concentração de poluentes é essencial para o crescimento de ordenado de cidades. A poluição do solo e de recursos hídricos são comuns em áreas de cidades e, através de avaliações hidrogeológicas e geofísicas podem ser identificadas para imediata remediação.
No grupo de Geociências da Litosfera, avaliações diretas e indiretas são feitas para avaliação de áreas potencialmente suscetíveis a ação de agentes poluentes, sejam eles de origem natural ou antrópica. Utilizando ferramentas geofísicas, como geoelétria e sensoriamento remoto, somadas a ao reconhecimento de feições e propriedades das rochas de uma determinada área, os pesquisadores do GEOLIT buscam traçar as melhores ações para reconhecimento e contenção de danos ao meio ambiente.
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